O pobre e o rico
Um dia, Jesus fez-se passar por mendigo e apareceu na fazenda de um homem
muito rico e avarento.
Chegando à sua casa, percebeu que haveria ali um grande banquete. Vários
bois, porcos, carneiros e frangos tinham sido matados para o festim.
Jesus, batendo à porta, pediu que dessem-lhe alguma coisa para comer. O
avarento fazendeiro respondeu-lhe, rispidamente:
– Que diabo! Toda hora vem gente aqui pedir esmola!
Resmungando e blasfemando deu a Jesus um mísero pedaço de pão velho e mando-o
embora.
Jesus, com humildade, agradeceu, aceitando o que recebera e retirou-se,
depois de guardar o pão em seu embornal.
Seguindo seu caminho, passou Jesus pela casa miserável de um pobre casal de
velhinhos que morava na propriedade do rico fazendeiro e que por ele eram
vilmente explorados. Aí batendo à porta, pediu também que lhe dessem de comer.
Uma pobre velha veio atendê-lo e disse-lhe que apenas tinham uma galinha, um
punhadinho de sal e um pouco de farinha, mas que daria um jeito; que ele
sentasse no banquinho enquanto ela ia arranjar o que pudesse. Era pouco, mas
arranjaria.
– Estou vendo tudo... – disse Jesus.
A mulher fez a galinha cozida, com caldo engrossado com a farinha e serviu.
Jesus, agradecendo muito, rejeitou a galinha dizendo à pobre velha que era
sexta-feira e nesse dia ele não comia carne. Que o casal comesse, enquanto ele
comeria apenas o caldo engrossado com farinha. E todos comeram juntos.
Após o jantar, Jesus pediu licença para deitar um pouco, pois estava cansado
de tanto andar. Arranjaram uma cama, onde ele deitou-se.
Os bons velhinhos arrumaram-se como puderam e Jesus acomodou-se para dormir.
Seu leito era uns panos velhos, pois nem cama os pobres tinham para lhe
oferecer.
No amanhecer do dia seguinte, os velhos assustaram-se ao encontrar o leito do
estranho mendigo vazio. Ele desaparecera. Mas qual não foi a sua surpresa quando
se depararam com uma casa maravilhosa! Quartos e salas espaçosos e riquíssimo
mobiliário. Havia todo conforto e luxo.
Os celeiros estavam cheios de mantimentos. Suas choças no quintal se
transformaram em magníficos abrigos, repletos de porcos. À volta da casa,
plantações imensas e variadas. Estavam milionários!
Por sua vez, o rico e avarento fazendeiro teve a sua surpresa. As carnes
amanheceram podres. Sua magnífica residência era irreconhecível, se transformara
numa mísera palhoça coberta de capim. Não havia criações nos quintais, nem
plantações nas roças. Até suas roupas tinham se transformado em miseráveis
trapos. Estava mais pobre do que os seus agregados que explorava impiedosamente.
Só lhe restava um recurso: pedir esmolas, mendigar!
E foi assim que o pobre ficou rico e o rico ficou pobre.